O Polvo

A frota da pequena-pesca de polvo em Portugal incide quase exclusivamente na captura do polvo-comum, Octopus vulgaris.

Esta espécie tem, como a maioria dos cefalópodes, uma longevidade curta (9-18 meses) e altamente dependente da temperatura da água, sendo que temperaturas mais altas aceleram o metabolismo e encurtam o tempo de desenvolvimento.

Outra característica marcante desta espécie é a sua reprodução terminal, ocorrendo a morte das fêmeas e dos machos pouco tempo após as posturas (na ordem dos 500 mil ovos por fêmea).

A época de reprodução do polvo no Algarve ocorre entre maio e setembro, com um pico máximo entre agosto e setembro, ainda que existam indivíduos maturos durante todo o ano.

O polvo-comum tem um início de ciclo de vida marcado por uma fase de paralarva planctónica (transportada passivamente por correntes e movimentos de água) de aproximadamente dois meses após a eclosão , que é crítica em termos de sobrevivência, e que dura até ao assentamento das mesmas no fundo, dando início à fase bentónica do animal.

Após assentamento, o crescimento dos juvenis é extremamente rápido, estimando-se que o seu peso aumente cerca de 5% por dia . A distribuição do polvo no fundo está relacionada com o seu tamanho, uma vez que os indivíduos maiores se localizam em águas mais profundas.

As fases cruciais da vida do polvo, como a reprodução, a desova ou o recrutamento, são fortemente condicionadas pelas variáveis ambientais, sendo a variação da salinidade um dos parâmetros mais estruturantes na biologia desta espécie. A abundância de juvenis e adultos que podem ser pescados é regulada pelo esforço de pesca, sendo a pesca considerada a maior fonte de mortalidade da espécie na fase adulta.

Referências bibliográficas

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