Nuno Barros, Gisela Costa e Rita Sá
ANP|WWF
Como surgiu este projeto e qual a motivação para nele participar?
Este projecto nasce de uma vontade de ver a cogestão a acontecer e de encontrar uma pescaria apropriada para o modelo. Em sessões participativas anteriores (Tertúlias do Polvo), foi claro o desejo da comunidade em ter um papel ativo nos processos de tomada de decisão. Vemos o ParticiPESCA como um projecto com tanto de inclusivo e transparente como de ambicioso e complexo, que dá resposta a estas vontades coletivas. Isto porque a pesca do polvo é a mais importante para o Algarve a nível socioeconómico e a própria região tem contextos sociais, culturais e biológicos muito distintos. Como promotores e facilitadores, vemos aqui a oportunidade de criar impacto ao nível da pescaria e do recurso, e de afirmar a cogestão como um modelo sólido, eficaz e a replicar. Muito já se falou e trabalhou sobre esta pescaria ao longo da última década – o ParticiPESCA é a ferramenta que une o passado e o futuro e concretiza visões numa visão comum.
O que tem este projeto de transformador e inovador?
Este é o primeiro projecto de cogestão a arrancar já com um quadro legal que define o conceito. Para além disso será talvez o que, aplicado às pescas, directa e indirectamente envolve mais atores a nível a nível nacional e talvez europeu. A inovação está precisamente na adesão de 14 Associações de Pescadores, com mais de 700 pescadores representados ao longo de toda a costa algarvia e numa completa e complexa análise científica transversal ao projecto, efectuada pelo CCMAR, IPMA e EDF.
Como imagina o futuro da cogestão da pesca do polvo no Algarve?
Vemos uma cogestão em que os próprios actores que a realizam se orgulham de fazer parte dela e a regulam e actualizam consoante as opiniões do grupo. Vemos uma cogestão em que as medidas de gestão são amplamente discutidas, num processo no qual todos se sentem com voz ativa e igualmente responsabilizados. Vemos uma pesca do polvo que potencie a sua própria continuidade, dentro dos parâmetros suportados pela ciência e validados por todos.